domingo, 25 de setembro de 2011

dança

Estava ali, singela e displicente no canto do salão a observar os vultos animados.
Achava bonito.Bonito rodopiar por espaços e correr para braços visíveis,deslizar com a ponta dos pés feito "falsa balarina" pela pista,partilhar espaços com giros sincronizados naquela combinação silenciosa que ninguém fez, mas todos consentem.
E assim, do canto,debaixo da luz baixa os olhos iam brilhando e Bárbara imaginava que talvez teria aquela coragem de se entregar a qualquer braço simpático, sair do seu casulo e seguir no sincretismo.
O instante veio.Os olhos se acharam.Bárbara desviou para outros cantos,outros vultos,outras luzes mas a vontade de retomar o encontro foi mais forte que o medo de se afastar do inescapável:olhou.De novo.E de novo.E outras vezes até que o vulto tomou forma e sorriso largo.
O rapaz estendeu a mão.Ofereceu a esquerda,o caminho mais fácil para o coração de Bábara?Talvez.
A moça se deixou levar,e foi... flutuando pelo salão como se não houvesse música, como se não houvessem vultos,luz,novidades.
E apenas nesse hiato de tempo,o resto virou poeira e ela, que não sabia dançar, que tinha receio de rodopios, que não sabia tirar os pés do chão, descobriu que havia dentro dela uma alma livre...
(...)
Os instrumentos se calaram.A moça interrompida em seus devaneios percebe o calor daquele estranho que lhe aperta.
Gentilmente,se afasta.

E foi assim, que Bárbara pela primeira vez,desvencilhou-se ds braços de um estranho para encontrar-se com si mesma.
Uma mulher-menina mais serena,com menos recalque,com mais ousadia,com toda coragem pra entregar sua mão para a segunda de muitas outras danças que viriam a seguir...