sábado, 31 de julho de 2010

quando as palavras não bastam

Dizer pra alguém que vc é a pessoa certa é pouco.
é preciso gestos,posturas e olhares firmes.
Palavras voam com o vento... são voláteis, se desintegram com o tempo e se desgastam ao passar dos dias.
Eu já acreditei em discursos... em frases bonitas e olhos marejados, mas isso foi em outra vida.
Uma vida regada de esperanças e esperas.Em fé cega no alheio.
Não sei mais expor coração em feiras... não sei mais me dispor a crer sem tocar.
Isso me pesa em alguns dias, em outros, me conforta.
No final das contas,termino meu dia como um Tomé... porque sou fraca? porque sou frágil?
Não... apenas porque não quero desintegrar meu coração, nem regar com meus olhos palavras falhas...

sexta-feira, 9 de julho de 2010

"Menina-moça, tentaram me fazer acreditar que o amor não existe e que sonhos estão fora de moda. Cavaram um buraco bem fundo e tentaram enterrar todos os meus desejos, um a um, como fizeram com os deles. Mas como menina-teimosa que sou, ainda insisto em desentortar os caminhos. Em construir castelos sem pensar nos ventos. Em buscar verdades enquanto elas tentam fugir de mim. A manter meu buquê de sorrisos no rosto, sem perder a vontade de antes. Porque aprendi com a Dona Chica, que a vida, apesar de bruta, é meio mágica. Dá sempre pra tirar um coelho da cartola. E lá vou eu, nas minhas tentativas, às vezes meio cegas, às vezes meio burras, tentar acertar os passos. Sem me preocupar se a próxima etapa será o tombo ou o voo. Eu sei que vou. Insisto na caminhada. O que não dá é pra ficar parado. Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola. E refaço. Colo. Pinto e bordo. Porque a força de dentro é maior. Maior que todo mal que existe no mundo. Maior que todos os ventos contrários. É maior porque é do bem. E nisso, sim, acredito até o fim. O destino da felicidade, me foi traçado no berço"

quinta-feira, 8 de julho de 2010

soltei o balão... ficou só o dedo arroxeado... mas que o tempo vai tratar de renovar.
soltei o balão... ficou só o dedo arroxeado... mas que o tempo vai tratar de renovar.

...

Quando criança em feirinhas e parques, as pessoas vendiam balões de gás.Fascinada pelos brilho luminoso e balanço de brincar no céu, pedia com cara de charme pra minha mãe por um daqueles.Era a festa andar com aquele fio prateado enrrolado na ponta do dedo... caminhando comigo,acompanhando meus sobresaltos e sorrisos.Mas,como toda criança, o descuido vinha.Mesmo com todas as 10 voltas no dedo quase roxo.O balão escapava suave dos meus domínios e sumia no céu, virando um pontinho de saudade,sem cor,sem forma,sem nada.O coração marejava...os olhos corriam as chuvas de dentro e o sorriso sumia, como o balão que partia sem despedidas.Os adultos consolavam: compramos outro,isso acontece,você ganha um balão novo logo,não se preocupe.Vinham outras cores,outros balões... mas a dor por aquele balão que voava pra longe e mim,não sumia no céu, nem do coração.Depois que virei gente grande, descobri, com lucidez embaraçosa, que alguns amores se afastam do nosso alcance igualzinho ao que acontecia com aqueles balões que vi se distanciarem cada vez mais, cada vez mais, cada vez mais. No início, a gente caminha todo prosa, um pé de vida florido, pontinha do sonho amarrada ao pedaço de linha que se chama esperança. Planos de jardim com girassóis, filho contente, cachorro, horta, rede na varanda, e aquela mão segurando a nossa, estrada afora. De repente, começa a ventar o vento que tira os sonhos do lugar, que faz o fio da linha se desprender do dedo, que recolhe a ponte e deixa o abismo. Um vento soprado pela desatenção, o descuido letal para os balões e os amores.Há um momento sem sol em que a gente percebe que o amor anoiteceu. O coração enxovalhado, ferido, está exaurido pela aflição de tanto esticar-se para tentar alcançar o fio da linha que se soltou e amarrá-lo de novo na pontinha dos sonhos. No fundo, ele sabe que não o alcançará: voa longe demais da possibilidade de alcance. Se ainda insiste, buscando impulso para pulos cansados, é porque aquele amor, exatamente aquele, ainda é tudo o que ele mais deseja. Porque não sabe onde colocará as mãos, o encanto, o olhar, depois daquele instante. Porque não lhe importa que outro amor venha ao seu encontro. É aquele, aquele lá, que ainda o descompassa.Vida marejada, nó apertado na garganta das coisas, chega finalmente o momento em que desejamos apenas o sossego que costuma vir com a aceitação. Coragem, às vezes, é desapego. É parar de se esticar, em vão, para trazer a linha de volta. É permitir que voe sem que nos leve junto. É aceitar que a esperança há muito se desprendeu do sonho. É aceitar doer inteiro até florir de novo. É abençoar o amor, aquele lá, que a gente não alcança mais...(texto meu e da Ana Giácomo) parte partilhada da mesma experiencia de quase-dor,quase- alegria e quase sonho.